Um meteoro super luminoso penetrou a atmosfera e cruzou o céu sobre os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina na madrugada desta quinta (1º). Considerado usual por astrônomos profissionais, o fenômeno foi registrado por câmeras amadoras e divulgado pela Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), uma organização mantida por voluntários e colaboradores interessados no estudo dos astros e fenômenos celestes. As imagens captam o exato momento em que, por alguns segundos, a luz produzida pelo superbólido parece transformar a noite em dia.
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De acordo com o astrônomo Marcelo De Cicco, o brilho intenso que costuma caracterizar os superbólidos é um fenômeno complexo, relacionado principalmente à velocidade com que os meteoroides rompem a atmosfera. Pesquisador do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), ligado ao Observatório Nacional e coordenador da Rede Exoss de Monitoramento de Meteoros, De Cicco trata o episódio como algo frequente.
“Todos os anos, entram na atmosfera terrestre cerca de 30 toneladas do que chamamos de meteoroides, que são pequenos pedaços de rochas capazes de gerar bólidos como este. A maior parte das vezes isto ocorre sobre o mar, já que a maior parte do globo é coberta por oceanos. Por isto não temos mais registros de casos como este”, disse o astrônomo à Agência Brasil.
“Em outubro de 2015, um superbólido extremamente brilhante cruzou a região oceânica do Rio de Janeiro, acordando muita gente no meio da madrugada. Foi um evento ainda mais intenso, mais crítico, mas sem a mesma repercussão, pois ainda não havia tantas câmeras captando imagens como as registradas ontem”, acrescentou De Cicco.
“Os superbólidos realmente brilham muito. Quando as pessoas veem imagens como estas, pensam que elas devem ter sido causadas por algo muito grande, do tamanho de um caminhão, mas não é. Em média, podemos dizer que são fragmentos de cerca de 100 quilos, no máximo 200 quilos, e que vão se fragmentando até quase se pulverizarem à medida que, na queda, enfrentam maior resistência da atmosfera”, acrescentou De Cicco, comentando que, até o início da tarde, os órgãos oficiais, como o Observatório Nacional, não tinham recebido relatos de que algum fragmento tenha atingido o solo.
“Como sempre, os caçadores de meteorito devem já estar atentos à corrida à caça ao tesouro”, comentou o astrônomo, se referindo aos grupos, de várias nacionalidades, que, no fim de agosto, acorreram ao sertão pernambucano à procura de resquícios minerais do material que caiu sobre a cidade de Santa Filomena (PE).
“Esperamos que isto não ocorra de novo. A gente recomenda que, caso alguém tenha visto ou encontre algum pedaço, entre em contato com uma universidade pública, federal ou estadual, para que o pessoal destas instituições possa acionar as autoridades devidas”, finalizou De Cicco.
Por Agência Brasil